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Dirigentes do Brasil e UE fazem balanço de parceria e lançarão novo edital em TICs até dezembro

Ao todo, ​já foram​ ​investidos​ ​17​ ​milhões​ ​de​ ​euros​ ​em​ ​três​ ​chamadas.​ ​Novo​ ​edital​ ​fomentará ​projetos​ ​em​ ​IOT,​ ​5G​ ​​ ​e​ ​computação​ ​em nuvem

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  • Postado em: set 21, 2016
  • Brasil

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Novo edital em TICs fomentará projetos nos segmentos de IoT, 5G e computação em nuvem - Foto: InternetNos últimos anos, Brasil e União Europeia (UE) têm estreitado a cooperação em ciência, tecnologia e inovação (CT&I) com o lançamento conjunto de chamadas coordenadas para projetos avançados de pesquisa e desenvolvimento (P&D) na área de tecnologias da informação e comunicação (TICs). Até o momento, cada parte alocou cerca de 17 milhões de euros em três chamadas, com o objetivo de estimular parcerias entre instituições científicas tecnológicas brasileiras e europeias.

Os resultados preliminares dos projetos selecionados na 3ª Chamada Coordenada Brasil-UE, aberta em 2015, além de informações sobre o lançamento do quarto edital, foram apresentadas nesta terça-feira (20), em Brasília (DF), durante a ICT Week, evento promovido no âmbito da cooperação internacional Diálogos Setoriais UE-Brasil. De acordo com os responsáveis pelas chamadas de coordenação no Brasil e na União Europeia, a previsão é que a 4ª Chamada Coordenada Brasil-UE seja lançada até o fim deste ano, com cada lado aportando 8 milhões de euros.

Segundo Lisandro Granville, diretor do Centro de Pesquisa e Desenvolvimento em Tecnologias Digitais para Informação e Comunicação (CTIC) da Rede Nacional de Ensino e Pesquisa (RNP) - órgão a frente do lançamento no Brasil -, a quarta chamada terá como foco projetos voltados à Internet das Coisas (IoT, na sigla em inglês), internet 5G e computação em nuvem. “Os temas foram escolhidos entre os países dentro do Diálogos Setoriais, por serem considerados assuntos extremamente estratégicos para as TICs”, afirmou.

Para propostas de computação em nuvem, o governo brasileiro colocará  2,5 milhões de euros no edital. Em IoT haverá um investimento de 4,5 milhões e para internet 5G cerca de 1 milhão de euros. Os valores podem variar dependendo de como os projetos serão constituídos. Pelo calendário preliminar, a inscrição deverá ser feita até março de 2017, com contratação prevista até dezembro do próximo ano. Os projetos de P&D aprovados têm duração máxima de três anos.

“Podemos ter alteração nas datas, de acordo com o processo. Mas em princípio, entre novembro a dezembro de 2016, será a abertura dos sistemas de submissão à chamada no Brasil. O grupo europeu também submeterá seus projetos nos sistemas pela comissão europeia. Temos até o final do ano para fazer o lançamento”, informou Granville.

Benefícios e desafios

Para o diretor do CTIC/RNP, o fato de pesquisadores brasileiros e europeus interagirem diretamente nos projetos de pesquisa ajuda na formação de recursos humanos mais qualificados para ambas as partes, além da criação de redes de pesquisa internacionais. “Esperamos que os relacionamentos que forem estabelecidos nos três anos de pesquisa se mantenham e que perdurem além disso. Isso já aconteceu nas duas primeiras chamadas e esperamos que aconteça novamente.”

O dirigente, contudo, ressalta que foram diagnosticadas algumas dificuldades especialmente no que se refere à diferenças técnicas entre pesquisadores, que tem se mostrado um dos principais desafios. “Por exemplo, no Brasil fazemos uma tabela de recursos humanos para dizer quantos alunos de mestrado, doutorado existem aqui, para colocar valores de cada perfil e fazer uma soma. No lado europeu não fazem isso. Só pedem quantas pessoas por mês usarão na pesquisa. Os pesquisadores brasileiros precisam traduzir essa tabela clássica para o estilo europeu, estão terão um desafio de se ajustar”, explicou.

Na avaliação do ministro conselheiro da delegação da União Europeia no Brasil, Augusto Albuquerque, o fato de ter um quarto edital agendado, diferente de outros países que não passaram do segundo, mostra o sucesso da cooperação. “Os projetos da 3ª chamada tiveram resultados excelentes. Se os resultados têm sucesso, então continua-se ou aumenta-se o projeto” comentou. “Em 2015, o governo brasileiro subiu o aporte de 5 para 7 milhões de euros. Agora, para a quarta chamada haverá ainda mais um aumento, chegando a 8 milhões de euros. Isso mostra que sucesso chama sucesso”, ressaltou.

Resultados expressivos

Ao todo, cinco projetos foram escolhidos em 2015 pela terceira chamada. Eles foram iniciados no começo deste ano e tem fim previsto para 2018. Mesmo assim, já se mostraram adiantados, de acordo com Granville. “Os relatos que eles apresentaram hoje são indicativo muito forte de que o programa tem um sucesso razoável. Eles apresentaram arquitetura, protótipos, artigos científicos para projetos que iniciaram a tão pouco tempo. São resultados bastante expressivos”, elogiou.

As pesquisas estão alinhadas a três categorias: processamento de alto desempenho; computação em nuvem; e plataformas experimentais. As cinco propostas reúnem 49 instituições, 23 delas brasileiras e 26 europeias. Ao todo, são 24 universidades, 17 empresas e oito centros de pesquisa. Clique aqui e confira mais detalhes sobre os projetos selecionados.

Um deles é o EUBra-BigSea, que tem como principal objetivo criar uma cooperação internacional sustentável na área de serviços em nuvem para análise de Big Data. O projeto, que conta com apoio de institutos da Espanha, Itália, Portugal e Reino Unido, ainda prevê a transferência de tecnologia para casos de uso real. Por exemplo, usar dados da nuvem em cidades inteligentes. Segundo o representante da iniciativa, Dorgival Guedes, o trabalho em equipe com pesquisadores estrangeiros se mostrou extremamente proveitoso.

“O que tem funcionado muito bem é a parte de interação entre os grupos. É interessante observar que muita dessa interação não existiria antes e tem funcionado extremamente bem, com grande sinergia. Isso, por si só, já é um resultado bastante positivo”, disse Guedes, que é professor do Departamento da Ciência da Computação da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).

Outro projeto, chamado High Performance Computing for Energy (HPC4E), pretende aplicar tecnologias de processamento de alto desempenho no estudo de energias renováveis. Isso inclui novas técnicas na produção de energia eólica, sistemas de combustão eficientes para combustíveis derivados de biomassa e geofísica de exploração para reservatórios de hidrocarbonetos.

“Nosso projeto pretende usar HPC para resolver os problemas de energia. Centramos em cima dessas três principais aplicações, usando computadores cada vez mais poderosos para resolver os problemas de energia, tentando encontrar modelos melhores. Já temos vários resultados, grupos trabalhando e desenvolvendo novos modelos, com várias publicações científicas”, informou Philippe Navaux, representante do HPC4E e professor do Instituto de Informática da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).

Na terceira chamada, a submissão de propostas foi aberta a professores e profissionais nas áreas de engenharia, computação, software, comunicação e redes de computadores, pesquisadores e especialistas de instituições de ensino e pesquisa, além de organizações com atuação nas áreas abrangidas. As proposições apresentadas somaram 55 participações de empresas nacionais e multinacionais, com destaque para HP, IBM, Petrobras e Intel.

(Leandro Cipriano, da Agência Gestão CT&I)

Campo científico: De outros

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